quarta-feira, 29 de junho de 2011

A relação de negociação e conflito dos escravos de Santana de Ilhéus.

                                                                              

                                                                                           Cristina Farias*



Quando pensei em escrever meu projeto não achei que seria tão complicado. É como jogarem uma bomba em cima de nos alunos de historia. Eu achava que seria mais facíl escrever o projeto ainda mais quando você já tem a noção do que vai escrever, Só que isso não aconteceu. Muitos como eu vivemos esse dilema, como acertar? O que é objeto? Qual a justificativa? Será que vamos ter um orientador que entenda do assunto que eu quero abordar? E quando encontra ele aceita mais não é aquilo que você esperava?

Vou falar caros amigos é difícil, eu sei, mais não é impossível! Eu vou recomeçar tudo de novo e com um olhar diferente. Tentar de novo, um novo recomeço.

Vamos lá.

Em um projeto, o que vou dizer?

Vou falar sobre os escravos do Engenho de Santana na Bahia. Ele tem como objetivo mostrar a relação existente entre o senhor Manuel Ferreira e os seus escravos em 1789. Num período em que o panorama político e social do Brasil era escravista e colonial e que foi marcado profundamente por levantes, rebeliões e revoltas da massa escravas. E a Bahia se encontrava neste contexto.


A partir do "Tratado Proposto a Manuel da Silva Ferreira pelos seus escravos durante o tempo em que se conservaram rebelados”.
[1] podemos pensar no modo de vida que esses individuos levavam no final do seculo XVIII e inicio do seculo XIX. Esses escravos juntamente com o o senhor Manuel da Silva Ferreira serão meu objeto de estudo. Tentarei mostrar a relação entre eles


No tratado eles procuram pouco para serem felizes, só pedem um pouco de dignidade.
"Meu Senhor, nós queremos paz e não queremos guerra; se meu senhor também quiser nossa paz há de ser nessa conformidade, se quiser estar pelo que nós quisermos a saber.
Em cada semana nos há de dar os dias de sexta-feira e de sábado para trabalharmos para nós não tirando um destes dias por causa de dia santo."
[2]

Este documento reforça a idéia de que os cativos não foram elementos passivos na relação senhor x escravos. Ele ilustra o tema no sentido em que apresenta os escravos como sujeitos  da sua historia e de sua capacidade de organização. O senhor do engenho Manuel Ferreira e militares tentaram de varias maneiras recapturá-los. Em 1793 sem ter para onde fugir e encurralados os escravos escreveram esse tratado com varias exigências.  No trecho acima mostra que eles não queriam mais a guerra, eles queriam voltar a serem escravos como eu disse a cima com uma certa dignidade.






 

Continua...



*Cristina Farias é graduanda do 6º período de História pela Faculdade de Formação de Professores FFP/UERJ

[1] SCHWARTZ. Stuart. Escravos, roceiros e rebeldes. São Paulo, EDUSC. 2001. Pág.: 119-121.
REIS, João Jose e SILVA. Eduardo. Negociação e conflito. A resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Cia. das Letras, 1988. Pág. 123-124
[2] REIS, João Jose e SILVA. Eduardo. Negociação e conflito. A resistência negra no Brasil escravista. São Paulo: Cia. das Letras, 1988. P. 123.
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Breve resumo sobre a História da Cidade de São Gonçalo - RJ

O território onde se localiza atualmente o municipio de Sao Gonçalo começou a receber habitantes brancos em meados do seculo XVI. Em 1579 o portugues gonçalo gonçalves recebeu terras ( atuais praia da Luz  e centro de S.G) onde ergueu uma capela, a partir de entao,  se iniciou o processo de ocupaçao populacional. No seculo XVIII, Sao Gonçalo ja tinha estabelecido um sociedade mercantil, escravista e catolica. As fazendas localizadas neste lugar produziam princpalmente cana de açucar dentre outros produtos agricolas como frutas, horataliças, legumes, mandioca etc. que serviam para conusmo interno e a cidade do Rio de Janeiro.
Desde o seculo XVI, a freguesia de S.G era ligada administrativamente a cidade do Rio de Janeiro, ate que passou a ser ligada, em boa parte do seculo XIX a Niteroi, quando se tornou um  distrito de Niteroi. Na decada de 1870, já se constituia aqui um grande arraial, com diversas agencias do poder publico organizando o espaço e a vida da população. Apos a instauração do regime republicano em 1889, varios distritos de Municipios Flumineses sao municipalizados e finalmente em 22 de Setembro de 1890, o presidente do estado do Rio de Janeiro, Francisco Portela criou o municipio de São Gonçalo.
A partir das primeiras decadas do seculo XX a cidade começa a se desenvolver. Entre as decadas de 1920-40 S.G consolidou seu parque industrial, epoca que ficou conhecida como Manchester. As industrias em sua maioria se concentrava em Neves, ali existiam várias industrias de grande porte como a Fundiçao HINE, a companhia Brasileira e usinas metalurgicas, a Vidreira e a companhia Brasileira de fósforo. Alem da concentração industrial, Neves abrigava a maior parte da populaçao. Esta foi a região que mais recebeu investimentos da cidade.
Dentro deste periodo foi criado o hospital de Sao gonçalo organizado pelo medico Luiz Palmier, que veio para o municipio combater a gripe espanhola que assolou Niteroi e Sao Goncalo em 1918 e 1919. Em 1940 foi criada a primeira escola secundaria do municipio que se chamava colégio São Gonçalo. Em 1950 iniciou os primeiros loteamentos da cidade, quando muitas fazendas passaram a ser divididas em bairros, sendo o loteamento mais famoso o bairro de Jardim Catarina.
A industrialização no Brasil tomou corpo nos anos seguintes a primeira guerra mundial, quando viu a necessidade de fabricar o que antes importava.  O setor de bem de consumo movia a indústria nesse período, tendo como destaque a indústria têxtil e alimentícia. Com a quebra da bolsa de valores de Nova York, os cafeicultores começaram encontraram grande dificuldade de vender seu café para o mercado externo, o que fez com que seus investimentos se voltassem na área industrial. No governo de Vargas se deu atenção as industrias de base,  fato que pode ser visualizado em em São Gonçalo. Em 1937 é fundada a Companhia Brasileira de Usinas Metalúrgicas (CBUM), que incorporada ao grupo HIME, desenvolvia além da fundição, cerâmica e fósforo da marca “SOL”.
Começam a surgir diversas associaçoes na cidade, culturais, politicas e entre outros  como o Instituto Fluminense de Cultura,associaçoes dos partidos PTB,UDN,PSD,associaçoes esportivas como os clubes Vila Lage,Tamoio e Mauá. Em 1948 foi criado um importante grupo, a Associaçao Gonçalense de Estudandes Secundaristas(AGE) e que atuou até 1968. Nesse contexto, de surgimento de agremiaçoes, associaçoes partidárias, entre outros, uma importante figura politica desponta na cidade, Joaquim Lavoura, este é eleito prefeito pela primeira vez em 1955 ficando no poder até 1959, depois 1962 até 1966 e por fim de 1971 a 1973. Em seu mandato, realizou diversas modificaçoes na cidade: asfaltou vários bairros,ampliou o complexo hospitalar da cidade, criou diversas escolas , entre outros.  Após um período, a cidade começou a a perder diversas indústrias, e o fluxo populacional aumentou ainda mais. São Gonçalo atualmente se enquandra no termo “cidade dormitório”, isso se deve ao  motivo de que uma grande parte da população residente aqui trabalha em outros municipios.


Resumo dos Capítulos "Comportamentalismo" e "Educação" do livro" Psicologia da Educação"

Christiane Nunes Lima*





   O autor Marcus Vinicius Cunha em seu texto apresenta algumas teorias formuladas por Freud.A teoria da personalidade apresenta a estrutura da personalidade humana e a dinâmica de seu funcionamento.Freud diz que a personalidade do individuo e dividida em três partes:o id que seria forças psíquicas,ou seja,desejos e necessidades que não reconhecem normas sociais;o ego que é um meio de percepção,convive segunda as regras sociais;e o superego que é uma forma de censura,é onde se concentra as regras e ordenações da sociedade e da cultura.
    O id que se origina da de energia proveniente dos desejos,deve chegar ao nível do ego que articula as ações supressoras das necessidades impostas até então.A Psicanálise diz que há amplos desejos que são impedidos de chegar ao ego,o indivíduo não toma ciência desse desejo,devido à censura imposta pelas barreiras morais internas da pessoa.A Psicanálise mostra que somos seres possuidores de desejos e necessidades que não conhecemos e que nossas escolhas conscientes são influenciadas pelas energias inconscientes.
     No segundo capitulo de seu livro “Psicologia da Educação”,Marcus Vinicius Cunha mostra a teoria do Comportamentalismo ou Behaviorismo.Essa teoria não aceita as idéias da Psicanálise,segundo os seus autores não é possível à existência de um inconsciente,que seja habitado de idéias reprimidas,pois este não pode ser comprovado de forma objetiva,o que podemos ver é a existência de certas atitudes da pessoa que podem ser neuróticas,mas não é certo atribuir isso algo que não seja visível.
      Segundo Watson era necessário concentrar-se no que é observável,o comportamento,e um comportamento é sempre resposta a um estímulo especifico isso ficou conhecido como Behaviorismo Clássico.Pavlov criou a teoria do condicionamento clássico que é explicado pelo modo como os estímulos ambientais e internos do sistema nervoso,são dispostos para produzir respostas.Existe também o Behaviorismo Metodológico que entende o comportamento apenas como respostas publicas dos organismos,e que diz que somente eventos diretamente observáveis e replicáveis seriam admitidos para tratamento por uma ciência, inclusive uma ciência do comportamento.O Behaviorismo Radical no qual é dito que a análise de um comportamento(cognitivo,emocional,motor)deve envolver,além das respostas em questão,o contexto em que ele ocorre e os eventos que seguem as respostas.




Bibliografia:*CUNHA,Marcus Vinicius.Freud-Psicanálise e Educação.In:____Psicologia da Educação.DPLA.Rio de Janeiro.2002
*CUNHA,Marcus Vinicius.Pavlov,Watson e Skinner-Comportamentalismo e Educação. .In:____Psicologia da Educação.DPLA.Rio de Janeiro.2002




*Christiane Nunes Lima é graduanda do 7ª período de História pela Faculdade de Formação de Professores FFP/UERJ.

Christiane Nunes Lima*

Escola dos Annales primeira e segunda geração

                                

Christiane Nunes Lima*

A escola dos annales surge com uma nova concepção de interpretação da história,que põe em causa toda a historiografia tradicional.Critica as teorias metódicas e positivistas.A escola dos annales deu origem ao que chamamos de Nova História.Umas das principais formas de divulgação das idéias dos Annales foi a revista Annales d’histoire économique et sociale
Os teóricos dos annales acreditavam que a história pudesse incluir todas as atividades humanas,ou seja,pregavam uma interdisciplinaridade.E acabaram indo contra a forma metódica e positivista de pensar.
A Escola dos Annales pode ser analisada por três gerações a primeira fase defendida pelos autores e fundadores:Lucien Febvre e Marc Bloch,a segunda protagonizada por Fernand Braudel e a terceira apresenta os caminhos da Nova História
 Lucien Febvre,em sua obra intitulada “O problema da incredulidade no século XVI:A religião de Rabelais”,examina autores e textos sobre Rabelais,o mesmo discursa que não devemos considerar verdades absolutas o que tais autores dizem pois na época em que foi escrito poderia ser verdade,mas ao analisar tais textos anos mais tarde pode-se chegar a conclusão que certas afirmações podem ser refutadas e ainda mostra a dificuldade de estudar uma personagem cujas fontes são controversas.Febvre aponta que para se estudar uma época é necessário entrar naquele período através do pensamento da época estudada e não o modo de pensar de quem esta investigando tal período,ou seja,o problema do anacronismo.”...entre as maneiras de sentir,de pensar,de falar dos homens do século XVI e as nossas – não há realmente comparação...”¹
Febvre  tinha um grande interesse pela geografia histórica  e o estudo da psicologia histórica.
Marc Bloch redigiu uma grande obra intitulada “Os reis taumaturgos”,na qual podemos chegar a chamada história das mentalidades através de seu estudo sobre a credulidade do poder miraculoso dos reis da França e da Inglaterra. ”...seu livro  foi uma obra pioneira para o que hoje designamos de história das mentalidades.Pode também ser descrito como um ensaio de sociologia histórica,ou antropologia histórica,por focalizar os sistemas de crença...”²Como Febvre,ele se interessa pela geografia histórica.Bloch afirma que o historiador deve combinar habilidades de arqueólogo,paleógrafo entre outros.Pode-se notar uma grande apologia ao dialogo entre a História e as Ciências Sócias através de Bloch.Um dos apontamentos de Marc Bloch seria de que através do presente podemos levantar questões do passado,relação que os metódicos não aceitam.
Essa primeira geração dos Annales vai contra a história tradicional,a história política e história dos eventos.É possível verificar na primeira geração dos Annales ainda alguns resquícios do positivismo,alguns intelectuais se basearam no econômico e político,e alguns ainda tacharam obras de Bloch como economicistas
O autor mais importante da segunda fase dos Annales é Fernand Braudel,ele tem a característica de trabalhar um determinando período da história e identificar todos os pontos meio em que o homem estava inserido,onde podemos dar forma a uma história dos eventos e das figuras daquele fato histórico,levando-se o momento histórico,desconfigurando a história das grandes figuras.
Em seu trabalho mais importante é O Mediterrâneo e o Mundo Mediterrâneo na Época de Felipe II.Através dessa obra é dito que o espaço também é objeto de estudo do historiador,mas não igual a geografia.O historiador deve estar preocupado em analisar o espaço geográfico do lugar porém em relação ao homem,isso ficou denominado como geo-história.Podemos verificar que na primeira parte de seu livro,Braudel se utiliza bastante da geo-história,onde descreve montanhas,planícies,litorais,entre outros do Mediterrâneo.”...A verdadeira matéria do estudo é essa história do homem em relação ao seu meio,uma espécie de geografia hisórica,ou,como Braudel preferia denominar,um geo-história.A geo-história é o objeto da primeira parte do Mediterrâneo,para a qual devota quase trezentas páginas...”³
Na segunda geração dos Annales surge um grande interesse pela história econômica,principalmente pelas idéias de Marx.”...Foi com Labrousse que o marxismo começou a penetrar no grupo dos annales...” 4Nesse momento vemos o nascimento de uma história quantitativa que teve origem no campo econômico e depois no na história social.
A história das mentalidades acabou sendo posta de lado,por Braudel que não tinha grande interesse por ela,e também um grupo de historiadores que acreditavam ser mais importante a história social e econômica que outros aspectos do passado,devido também a história quantitativa não encontrar ainda sustentação para o estudo das mentalidades.
Podemos observar algumas diferenças entre os autores dos annales como Febvre e Braudel,o segundo pouco falou da história das mentalidades,como o primeiro.Vemos também que Marc Bloch tinha menos interesse pela geografia do que Lucien Febvre.
Ainda que com diferenças entres seus autores a Escola dos Annales foi um Revolução da Historiografia.



Notas:

¹FEBVRE.Lucien. O problema da incredulidade no século XVI:A religião de Rabelais.Cap.1,v.p.108
²BURKE.Peter.A Escola dos Annales:A Revolução Francesa da Historiografia.Cap.2,v.p.29 a 30
³BURKE.Peter. A Escola dos Annales:A Revolução Francesa da HistoriografiaCap.3,v.p.49
 4BURKE.Peter. A Escola dos Annales:A Revolução Francesa da HistoriografiaCap.3,v.p.68



     Bibliografia:

FEBVRE.Lucien. O problema da incredulidade no século XVI:A religião de Rabelais.Companhia das letras
DOSSE, François. A história em Migalhas: Dos Annales à Nova História. São Paulo: Ed. Ensaio, 2003.
                                                  

BURKE.Peter. A Escola dos Annales:A Revolução Francesa da Historiografia.São Paulo.Ed.Unesp,1990




 *Christiane Nunes Lima é graduanda do 7ª período de História pela Faculdade de Formação de Professores FFP/UERJ.


                                                   





Resenha do Capítulo "Pelo reto ministério do Santo Ofício: falsos agentes inquisitoriais no Brasil colonial".

Christiane Nunes Lima*

Falsos Inquisidores no Brasil Colonial

  Daniela Calainho é formada em História pela Universidade Federal Fluminense(1985), mestrado em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1992) e doutorado em História pela Universidade Federal Fluminense (2000). Atualmente é professor adjunto - procientista (desde 2000) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, pesquisador da Universidade Federal Fluminense e pesquisadora da Universidade de Lisboa. Integrante do PRONEX desde 2006, sediado na Universidade Federal Fluminense, liderado por Ronaldo Vainfas. Tem experiência na área de História, com ênfase em História do Brasil Colônia, atuando principalmente nos seguintes temas: inquisição, império português, escravidão, inquisição moderna e religiosidades populares. Líder do Grupo de Pesquisa Núcleo de Estudos Inquisitoriais, cadastrado no CNPq.É autora de livros como:Agentes da Fé: Familiares da Inquisição Portuguesa no Brasil Colonial e participa de capítulos de livros,como: A Inquisição em xeque: temas, controvérsias, estudos de caso,organizado por Ronaldo Vainfas; Bruno Feitler; Lana Lage da Gama Lima,no qual iremos tratar o capitulo “Pelo reto ministério do Santo Ofício: falsos agentes inquisitoriais no Brasil colonial”
  No capítulo citado anteriormente Calainho trata dos falsos inquisidores que apareceram no Brasil em época da Inquisição, e antes de ir ao tema central do capítulo faz um apanhado da ação inquisitorial na península Ibérica e no Brasil.Daniela Calainho nos conta que o Santo Oficio português foi criado no reinado de D.JoãoIII em 1553.e perseguiu indivíduos cuja conduta se identificava à heresia,sobretudo os cristãos novos judaizantes,também mostra que a Inquisição visava fortalecer o catolicismo.por meio de reafirmação dos dogmas e reordenação da sociedade cristã da península Ibérica e em suas colônias.Ao falar da Inquisição no Brasil,Daniela Calainho nos conta que no Brasil não existia um Tribunal do Santo Oficio fixo,a Inquisição acontecia pelo envio de visitações nos séculos XVI,XVII E XVIII,na colônia investia-se em mecanismos intimidatórios  permanentes.Alguns desses mecanismos seriam os chamados familiares da Inquisição,estes instigavam as delações e também delatavam os hereges,eram considerados um dos alicerces dessa “pedagogia do medo”,esses familiares gozavam de grande status social e vários privilégios.E finalmente é relatado o caso de um falso agente da Inquisição o Januário de São Pedro,para nos mostrar como tais enganos ocorriam,é dito que Januário roubou a patente de sacerdote e quando ocorreu o rumor de sua falsa identidade fugiu para o Brasil(ele era natural de Quito no Peru),a partir daí a história de Januário,são somente mentiras criadas pelo mesmo,até que por fim as suas falcatruas são descobertas e foi severamente punido.Sendo assim,esses fatos nos mostram as arbitrariedades da Igreja e também o medo da população referente aos agentes da Inquisição.
   Para montar esse capítulo Calainho,cita vários autores que tratam da Inquisição como o historiador Bartolomé Bennassar e Anita Novinsky.Em sua pesquisa para esse capítulo também foram utilizados documentos da época.A linguagem que foi utilizada para construção do capitulo é simples,sendo assim não somente o público acadêmico quanto os leitores comuns podem desfrutar das informações apresentadas nesse texto e se deliciar com algumas curiosidades sobre a Inquisição,que de fato,é mostrado de forma amplamente interessante por Daniela Calainho.


Bibliografia:CALAINHO.Daniela Buono.Pelo reto ministério do Santo Ofício:falsos agentes inquisitoriais no Brasil colonial.In:VAINFAS,FEITLER E LAGE.Ronaldo,Bruno e Lana.A Inquisição em xeque:temas,controvérsias e estudos de caso.EdUerj.1ªEdição.Rio de Janeiro.2006.Páginas:87 a 96.


*Christiane Nunes Lima é graduanda do 7ª período de História pela Faculdade de Formação de Professores FFP/UERJ.

Análise do capítulo “A Igreja,instituiçao dminante do feudalismo”,

Christiane Nunes Lima*

Análise do capítulo “A Igreja,instituiçao dominante do feudalismo”,BASCHET,J.A civilização feudal.Do ano mil à colonização da América.pp167-245.

-Refletir sobre a importância estruturante da Igreja no sistema feudal.

   A Igreja durante a Idade Média é uma instituição de plenos poderes,na qual decidia as regras principais referente ao funcionamento da sociedade.Os cristãos acreditavam que somente os clérigos os levariam a graça divina.
   A Igreja exerceu sua dominação de várias formas,uma delas seria a exclusão do cristão,no qual ele deixaria de participar de todas as cerimônias e ações da Igreja.
    Apesar dos conflitos entre o clero e a aristocracia,devido a terras e controle de domínios feudais,ocorreu uma aproximação entre os mesmos na obra de dominação do “povo”.Também ocorreram divergências internar na Igreja,na qual resultou na divisão do clero em secular que dependia do Bispo e viviam em paróquias e regular onde os religiosos moravam mosteiros e pertenciam a variadas ordens religiosas.
    A Igreja detinha o poder intelectual da época,os clérigos eram responsáveis por conservação de escrita.A Igreja tinha bens,porém nada pertencia ao clérigo,somente a Igreja.Uma das maiores forma de obter bens pela Igreja,seria através de fiéis que buscavam a salvação de sua alma,pela doação de bens a Igreja.
    A Igreja passou a considerar herege,aquele que não seguia os seus dogmas,o que mais tarde levou a Inquisição Medieval.
    Pode-se dizer que durante a Idade Média,a Igreja exerceu grande dominação através do medo,ou seja,os fiéis eram levados a obedecer grande parte dos dogmas da Igreja,pelo temor do que poderia ocorrer após a morte por exemplo.Sendo assim a Igreja católica conseguiu se tornar o principal detentor de autoridade na sociedade durante a Idade Média


*Christiane Nunes Lima é graduanda do 7ª período de História pela Faculdade de Formação de Professores FFP/UERJ.

Análise do capítulo “A constituição do Senhorio e a Relação do Dominium”

Christiane Nunes Lima* 


   Análise do capítulo “A constituição do Senhorio e a Relação do Dominium”,BASCHET..J.A civilização feudal.Do ano mil à colonização da América.. pp.128-166.

-Identificar as teses tradicionais e a respectiva revisão historiográfica:identificar os historiadores e suas contribuições para a explicação do sistema feudal.
-Descrever a relação do Dominium e o processo de “Encelulamento”
-Refletir sobre a dinâmica feudal


Processo de Encelulamento.

  Robert Frosier apresenta o nascimento das aldeias,com a passagem de habitantes para aldeãos e com o surgimento de uma consciência comunitária.
  As aldeias passam a se reagrupar em torno dos castelos senhorias e cercadas por uma muralha fortificada.Essas aldeias fortificadas recebem o nome de castrum,sendo que em primeiro momento os castelos não tem a finalidade de reagrupar a população.
   Robert Frosier designa que o reagrupamento dos homens no interior de entidades sociais localizadas definidas por um centro,a aldeia e castelo,por uma delimitação estruturada pela rede de lotes e de caminhos que definem sua extensão como um processo de encelulamento.O encelulamento forma uma rede de senhorios que cobre grande parte do território ocidental.
   O encelulamento compõe vários processos como o nascimento das aldeias,a generalização do senhorio,e enquadramento paroquial,porém mesmo que este processo ocorra de forma paralela,nem sempre coicidem.Segundo Daniel Pichot “o que faz a aldeia é menos o reagrupamento de suas casas do que a coesão da comunidade dos aldeãos.”

Relação de Dominium

   Os produtores dependentes do senhor feudal,não são somente servos,como eram vistos anteriormente pela historiográfia.George Duby mostra que a servidão não era a forma central de exploração de feudalismo.O servo não é uma propriedade do senhor,assimilado ao gado e sua liberdade é marcada por inúmeras limitações.A relação de dominium do servo e senhor feudal é apresentada por uma série de variadas obrigações.
   Podemos verificar essa relação de Dominium,em relação a posse do solo,que o senhor reivindica como seu e também em relação ao poder político,público e militar.O senhor feudal muitas vezes cobrava múltiplas taxas ao servo,algumas cobradas no lugar onde havia produção e outras levadas ao castelo,onde ocorreriam rituais com gestos de submissão,”[...]Marx  afirma que a sociedade medieval seria de uma dependência pessoal,de modo que todas as relações sociais aparecem como relações entre pessoas[...]”Logo,podemos verificar que a cobrança de taxas e deveres pelos senhores,constituem características principais do dominium.O senhor feudal também exercia a justiça em seus domínios,em certos caso com existência de tribunais.Na relação da dominação senhorial existiam lutas entre dominantes e dominados e não uma servidão passiva,além disso a aldeia também poderia organiza-se independentemente dos castelo e da igreja.

Refletir sobre a dinâmica feudal

   A partir do sistema feudal,ocorre um desenvolvimento comercial expressivo e a capacidade do senhorio leva a um aumento das trocas locais.Com a libertação do mediterrâneo ocidental da dominação muçulmana,leva a um desenvolvimento de cidades italianas com uma expansão do comércio distante.Relacionado ao desenvolvimento de atividades artesanais e comercias está a reafirmação de um crescimento urbano.
    O desenvolvimento das cidades da lugar há uma formação de comunas,apresentada como uma luta da burguesia,na qual teria uma aspiração de liberdade.Porém,não uma liberdade no termo que conhecemos,naquele momento se devia a isenção de direitos senhoriais e privilégios permitindo uma organização política autônoma,o exercício de uma justiça própria e formação de milícias urbanas.A aristocracia está presente nas cidades e tem posição de destaque,porém ainda esta ligada ao campo pelos seus bens fundiários e pelos seus laços familiares ou de associação política com os dominantes.Nas cidades as atividades produtivas são organizadas em ofícios(surgem as corporações de oficio),que fixam as normas de produção e de qualidade de produtos,os preços,salários e as condições de trabalho.A partir do século XII.novas atividades se desenvolvem e esboçam atividades singulares,ao passo que a igreja demoniza as cidades,porem acabam abrindo-se ao fenômeno urbano para que os cidadinos assegurem sua redenção.A cidade também concentra uma ampla atividade intelectual.
   O poder dos reis continua simbólico,não controlam seus reinos.A partir do século XIII a corte do rei se fraciona em órgãos especializados como o Parlamento.São reconhecidas duas funções ao reis,o mesmo deveria manter a paz e a justiça .
   Três relaçoes sociais são importantes para a orginazaçao feudal:a relação senhores/dependentes,a distinçao nobres/não nobres,a interdependência e a oposição cidades/campos.
  

*Christiane Nunes Lima é graduanda do 7ª período de História pela Faculdade de Formação de Professores FFP/UERJ.

Evasão Escolar

Walace Faria*
    
O termo evasão escolar designa especificamente o abandono do colégio  durante o ano letivo por parte do aluno. O grau de evasão no Brasil ainda é muito elevado se comparado a países ditos como desenvolvidos.
        No que se refere à lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB (1997:2), é bastante clara:
Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”
    Ou seja, é dever do Estado e da família dar uma direção sócia - educacional a criança e ao jovem. Mas essa não é a realidade há alguns anos, a educação não é disponibilizada a todos, e por vezes não é dado ao cidadão condições para que se possa permanecer dentro da instituição básica de ensino.
    A evasão da escola não é tema atual, infelizmente é uma abordagem antiga em nossa sociedade.
Em décadas atrás FREITAG (1980:61) já fazia estudos sobre o tema e destacou que:
"Dos 1000 alunos iniciais de 1960, somente 56 conseguiram alcançar o primeiro ano universitário em 1973. Isso significa taxas de evasão 44% no ano primário, 22% no segundo, 17% no terceiro. A elas se associam taxas de reprovação que entre 1967 e 1971 oscilavam em torno de 63,5%”.

     Em pesquisa recente o jornalista
LAHOZ, André Casa (in Revista Exame, 2000) afirma que de cada 100 crianças que iniciaram os estudos em 1997, só 66 chegarão à oitava série.     Números mais recentes dispostos no site do INEP (
Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Anísio Teixeira), mostram  dados alarmantes sobre a situação do abandono da escola; em 2007, 4,8% dos alunos matriculados no Ensino Fundamental (1ª a 8ª séries, ou atualmente chamado de 1º ao 9º ano) deixaram de freqüentar o ambiente escolar. Embora o índice pareça ínfimo, corresponde a quase 1,5 milhão de alunos. No mesmo ano, 13,2% dos alunos que cursavam o Ensino Médio também saíram do colégio, o que corresponde a pouco mais de1 milhão de estudantes. Comprovadamente, muitos desses alunos retornarão para estudar, mas com defasagem, ou seja, a idade não corresponde à série ideal.     Alguns estudos recentes sobre o tema discutido mostram que há várias medidas adotadas pelas autoridades para sanar ou diminuir o problema, dentre eles se encontram a implantação da Escola Ciclada, a criação do programa bolsa-escola, a implantação do Plano Desenvolvimento Escolar (PDE), dentre outros, mas que não têm sido suficientes para garantir a permanência do aluno  e a sua permanência  na escola.
    Esses mesmos estudiosos afirmam que o fracasso escolar no Brasil está baseado em dois fatores, fatores externos à escola e fatores internos.
Dentre os fatores externos relacionados à questão do fracasso escolar são apontadas as desigualdades sociais, o trabalho, a criança e a família. E dentre os fatores internos são apontados a própria instituição escolar, a linguagem e o docente
"o fator mais importante para compreender os determinantes do rendimento escolar é a família do aluno, sendo que, quanto mais elevado o nível da escolaridade da mãe, mais tempo a criança permanece na escola e maior é o seu rendimento”, foi o que conclui o trabalho de BRANDÃO et al. (1983) quando  realizou pesquisa sobre o assunto desenvolvida pelo Programa de Estudos Conjuntos de Integração Econômica da América Latina (ECIEL), baseada nos estudos de 5 países da America do Sul. Isso significa que para a autora o fracasso escolar está intimamente ligado a família.
     As desigualdades sociais também se caracterizam como fator externo para a evasão escolar segundo ARROYO (1991:21), quando o mesmo alega que as "diferenças de classe” "marcam" o fracasso escolar nas camadas populares, porque:
"É essa escola das classes trabalhadoras que vem fracassando em todo lugar. Não são as diferenças de clima ou de região que marcam as grandes diferenças entre escola possível ou impossível, mas as diferenças de classe. As políticas oficiais tentam ocultar esse caráter de classe no fracasso escolar, apresentando os problemas e as soluções com políticas regionais e locais”.
     O estudo desenvolvido por MEKSENAS (1998:98) aborda a evasão da escola no turno noturno, evidencia que  a desistência  escolar destes alunos se dá em virtude doe  mesmos serem "obrigados a trabalhar para sustento próprio e da família, exaustos da maratona diária e desmotivados pela baixa qualidade do ensino, muitos adolescentes desistem dos estudos sem completar o curso secundário".
     Alguns autores como
BOURDIEU, CUNHA, FUKUI, o fracasso do sistema educacional se encontra internamente, ou seja, a escola é responsável pelo sucesso ou fracasso dos estudantes, tomando como base explicações que variam desde o seu caráter reprodutor até o papel e a prática pedagógica do docente.
    "O fenômeno da evasão e repetência longe está de ser fruto de características individuais dos alunos e suas famílias. Ao contrário, refletem a forma como a escola recebe e exerce ação sobre os membros destes diferentes segmentos da sociedade",
afirma FUKUI (in BRANDÃO et al, 1983) ressaltando a responsabilidade da escola no fracasso do sistema educacional, indo na contramão dos que acham que a família é a base para o mesmo fracasso.
    Segundo CUNHA (1997:29), a responsabilização da criança pelo seu fracasso na escola tem como base o pensamento educacional da doutrina liberal a qual fornece argumentos que legitimam e sancionam essa sociedade de classe, e também tenta fazer com que as pessoas acreditem que o único responsável “pelo sucesso ou fracasso social de cada um é o próprio indivíduo e não a organização social”.
    BOURDIEU (in FREITAG,1980) afirma que a escola serve como um instrumento de dominação, reprodução e manutenção dos interesses da classe burguesa, e que essa mesma escola não leva em consideração o capital cultural de cada aluno, e que “os professores partem da hipótese de que existe, entre o ensinante e o ensinado, uma comunidade lingüística e de cultura, uma cumplicidade prévia nos valores, o que só ocorre quando o sistema escolar está lidando com seus próprios herdeiros”.
   O professor é responsabilizado como autor do fracasso escolar (evasão) por alguns autores. Para ROSENTHAL e JACOBSON (in GOMES, 1994:114) a responsabilidade do professor pelo fracasso escolar do aluno se deve às expectativas negativas que este tem em relação ao corpo discente considerado  como "deficiente", o qual muitas vezes, apresenta comportamentos de acordo com o que o professor espera dele. Estes teóricos mostraram através de seus trabalhos, que as expectativas, em geral, podem influenciar os fatos da vida cotidiana, e que geralmente, as pessoas parecem ter a tendência a se comportar de acordo com o que se espera delas. Assim, a expectativa que uma pessoa tem sobre o comportamento de outra, acaba por se converter em realidade. A este fenômeno, os autores denominaram como "profecia auto-realizadora" ou "Pigmaleão Sala de Aula".
Segundo GATTI (in BRANDÃO et al, 1983:47), "o fenômeno da profecia auto-realizadora é mais provável de ocorrer numa escola que abrange crianças de níveis econômicos díspares, o que enseja comparações e preferência dos professores favoráveis às crianças que lhes são mais próximas em termos culturais".










Referência Bibliográfica

FREITAG, Bárbara. Escola, Estado e Sociedade. 4ª ed., São Paulo: Moraes, 1980.
LAHOZ, André Casa. Na Nova Economia a educação é um insumo cada vez mais importante. Com investimentos, políticas consistentes e continuidade, o Brasil melhora suas chances de prosperar. In: Revista Exame. Ano 34, nº 75, abril 2000, p. 173-180.
BRANDÃO, Zaia et alii. O estado da arte da pesquisa sobre evasão e repetência no ensino de 1º grau no Brasil. In Revista Brasileira de Estudos Pedagógicos, v. 64, nº 147, maio/agosto 1983, p. 38-69.
MEKSENAS, Paulo. Sociologia da Educação: Uma introdução ao estudo da escola no processo de transformação social. 2ª ed., São Paulo: Cortez, 1992.




Walace Faria é Graduando  do 7º período em História pela Faculdade de Formação de Professores. FFP/UERJ

terça-feira, 28 de junho de 2011

Desmonte do Morro de Santo Antônio



UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
Faculdade de Formação de Professores
Disciplina: História do Brasil V
Alunos: Gabriel Alencar, Peter Garcia, Walace Faria.





 São Gonçalo, 21 de junho de 2011.

Introdução

     Neste vigente trabalho pretende-se descrever o contexto político e social do Rio de Janeiro em meados do século XX, apresentando os projetos e as teorias de urbanização que visavam valorizar a paisagem da cidade, reforçando a imagem da capital federal como centro de poder.        O objeto de pesquisa deste trabalho é o desmonte do Morro de Santo Antônio no início da década de 1950, possibilitando uma maior facilidade no deslocamento de veículos do centro à Zona Sul e valorizando as principais áreas da cidade. Ou seja, promovendo o avanço da modernidade e do progresso urbano, resultado do crescimento habitacional no Rio de Janeiro e pela necessidade de circulação na cidade que se configurava já desde a década de 1940.        Foi então na necessidade de se opor aos símbolos do atraso, como as favelas, cortiços e antigos imóveis habitados pela população mais pobre do município, que emergiram inovações em diversos campos, como o da comunicação e dos transportes. São essas transformações que apresentam-se como demonstração da capacidade e do progresso técnico-científico, e principalmente pela forte intervenção do Estado em seu objetivo de apresentar a cidade do Rio de Janeiro como modelo de desenvolvimento a ser seguido. 

O Pré-Desmonte do Morro de Santo Antônio
    
 Antes de apresentar a década de 1950 representada pelo inicio das obras do desmonte do morro de Santo Antônio, é fundamental destacar os projetos de urbanização que antecederam tal acontecimento na história do Rio de Janeiro.    Em geral, ainda no século XIX, as favelas configuravam-se como elementos presentes na paisagem urbana carioca, dando a essas habitações status de categoria social. Esse processo de favelização dá-se principalmente a partir da abolição da escravidão e do fim da Guerra de Canudos, visto a transferência dos ex-escravos e dos militares que participaram do conflito ocorrido no Nordeste brasileiro para essas favelas recém-construídas.           Já em meados do século XX, as favelas passam a ser compreendidas como uma imagem negativa na paisagem urbana do Rio de Janeiro. Exemplo dessa contestação é a apresentação de projetos no Estado Novo, destacando-se como primeiros grandes programas estatais de intervenções em favelas. O principal deles é o projeto “Parques Proletários” 1, marcado pela remoção de favelas e conseqüente transferência dos seus moradores para conjuntos habitacionais construídos pelo Estado. Dando a esse programa, objetivo de desmonte das favelas e de controle ideológico a partir da reeducação dos habitantes dessas moradias, solucionando assim suas “deficiências morais”. Esses projetos apresentados na década de 1930 aparecem como continuidade de uma preocupação com a visibilidade do espaço urbano que já vinha ocorrendo desde o início do século.           Na passagem da década de 1940 para a década de 1950, o clima de euforia emerge com o crescimento de uma utopia nacionalista contra o atraso, caracterizando o surgimento de uma ideologia nacional–desenvolvimentista. Os impactos dessas transformações promovidas pelo Estado passavam a ser vistas positivamente pela população. Estavam construídas as bases para o desmonte do morro de Santo Antônio no ano de 1952 sob a administração de Dulcídio Cardoso. 

O Desmonte do Morro de Santo Antônio
    
  Precedido pelo prefeito João Carlos Vital, Dulcídio do Espírito Santo Cardoso foi prefeito do Rio de Janeiro nos períodos entre 1952 e 1954. Foi no início do seu governo que se principiou as obras de desmonte do morro de Santo Antônio, tendo como seus principais idealizadores os representantes do Departamento de Urbanismo: Affonso Eduardo Reidy e Hermínio de Andrade e Silva.      Tendo como primeiro objetivo a criação de áreas valorizadas no centro da cidade que ligassem ao bairro de Copacabana, desafogando consequentemente a Avenida Beira-Mar, a obra era tratada pela imprensa logo no seu começo como uma ferrenha oponente da favela, sendo tal caracterizada como área rural e campestre, e relacionada diretamente pela mídia com o tráfico de drogas e com a violência, ou seja, como obstáculo à modernidade. Logo, mostrava-se necessário inovar e combater esses males no espaço urbano carioca.          No decorrer do desmonte, o acontecimento era tratado como exibição da urbanidade, da cidade e da metrópole, ou seja, como um “efeito de vitrine”, promovendo assim uma apologia ao futuro em oposição às características passadistas da cidade do Rio de Janeiro. Esse progresso era fundamental por ser tal cidade a capital federal, sendo necessária essa manifestação de poder que mostrasse certa distinção do que ocorria em outras cidades. A necessidade da capital federal representar o simbolismo nacional é destacado por Jaguaribe em sua obra: “as cidades-capitais projetam uma deliberação simbólica que ultrapassa o repertório usual de outras cidades. Possuem as marcas da oficialidade histórica conferida aos monumentos. Simbolizam, nos seus diversos momentos históricos, o panteão nacional.”2     Já na administração de Francisco Negrão de Lima entre os anos de 1956 e 1958, ficou evidente os aspectos negativos da obra de desmonte do morro de Santo Antônio. Com a criação da Superintendência de Urbanização e Saneamento (SURSAN), que possuía a finalidade de concretizar, executar e fiscalizar a obra de desmonte, torna-se visível a não gratuidade da obra ao carioca, visto o alto custo na realização da mesma. Seguindo com os problemas decorrentes durante a demolição parcial, destacam-se os inconvenientes causados à vizinhança por causa da quantidade de poeira oriunda do transporte de areia do morro para o aterro que estava sendo realizado, além da sua longa duração (aproximadamente dez anos).        Somente no governo de Carlos Frederico Werneck de Lacerda, que se estendeu entre os anos de 1960 e 1965, a obra do desmonte do morro de Santo Antônio foi concluída. Mostrando que não só de louros pelo ideal de avanço e progresso deu-se esse acontecimento de extrema importância na história do Rio de Janeiro do século XX.          

Resultados e Conseqüências do Desmonte do Morro de Santo Antônio
     
    Concluída a obra de desmonte, é fundamental ressaltar os principais resultados obtidos a partir dela e em que essa transformação na paisagem urbana da cidade do Rio de Janeiro implicou no cotidiano da população.       Como apresentado anteriormente, o principal objetivo em demolir parte do morro de Santo Antônio consistia na possibilidade de facilitar a circulação de veículos do centro da cidade à Zona Sul, adaptando a estrutura urbana ao crescimento populacional e consequentemente das habitações no Rio de Janeiro. Dessa forma, seriam abertas novas e mais largas avenidas que desafogariam o tráfego na Avenida Beira-Mar. Nesse aspecto, a construção da obra foi um êxito, visto que com o desmonte de parte do morro de Santo Antônio foi aberta a Avenida Chile. Na nova Avenida Chile, um trajeto antes realizado em aproximadamente vinte minutos passou a ser feito em três minutos. Essa transformação explica parte da euforia da população, sendo ela principal beneficiada com os resultados práticos das novas construções que ocorreram na década de 1950.           Outra consequência do planejamento urbanístico elaborado por Affonso Eduardo Reidy e Hermínio de Andrade e Silva, dessa vez mais voltada à paisagem e aparência urbana, foi o Aterro do Flamengo. Sendo esse espaço de destaque na cidade atualmente, construído a partir do material oriundo do desmonte e arrasamento do antigo morro. Nesse mesmo local ocupado anteriormente pelo morro, que se deu a construção da nova Catedral Metropolitana e de alguns edifícios modernistas, tais como o edifício da Petrobrás, o edifício do antigo BNH e o edifício do BNDS, todos eles construídos na já citada Avenida Chile.          Após o desmonte do morro de Santo Antônio, compreendida como obstáculo a abertura de espaço para a evolução urbana, pode-se verificar que as únicas áreas que se mantiveram preservadas no espaço são o Convento de Santo Antônio e a vizinha Igreja da Antiga Ordem Terceira de São Francisco. Sendo ambas, as principais construções do período Colonial que felizmente ainda configuram-se na modificada paisagem da cidade do Rio de Janeiro. 

Conclusão
      
   A conclusão a partir do trabalho realizado destaca as principais implicações do desmonte do morro de Santo Antônio para uma maior preocupação sobre a situação social dos cariocas em um período de progresso e avanço realizado pela elite política, através de suas propostas e projetos, nas décadas de 1950 e 1960. É justamente nesse recorte de tempo que se caracteriza um novo período de produção de conhecimento sobre as favelas, sobretudo através do início do trabalho de campo e da emergência das Ciências Sociais. Dessa forma, torna-se notável uma mudança de percepção sobre a favela, vista a partir de então como comunidade e sujeito potencialmente político.3  Por tratar-se de um tema mais voltado às questões urbanísticas, é fundamental enfatizar a escassez de livros, artigos e outros materiais que tratem do assunto a partir de uma abordagem histórica. No entanto, a disponibilidade de imagens que apresentam as transformações ocorridas no Rio de Janeiro em meados do século XX, tal qual a demolição parcial do morro de Santo Antônio, nos dá a possibilidade de refletir sobre a situação de miséria da população representada pelo crescente número de favelas na cidade, sobre a maior intervenção do Estado preocupado com a aparência da então capital federal, e consequentemente sobre a situação política nacional, dado a atenção às questões referentes ao desenvolvimento e industrialização da nação.


















BIBLIOGRAFIA:
      AMOROSO, Mauro. A Favela Faltou na Foto: A Cobertura do Desmonte do Santo Antônio pelas Lentes do Correio da Manhã. Revista Discente do Departamento de História da UFF, 2009.
      BRAGA, João Fernando Xavier Pereira. A Transferência da Capital Federal: Notas Sobre a Evolução Urbanística do Rio de Janeiro na Década de 1950. Universidade de Brasília: Programa de Pós-Graduação e Pesquisa, 2008.
     JAGUARIBE, Beatriz. “Ruínas modernistas”. In: Fins de século: cidade e cultura no Rio de Janeiro. Rio de Janeiro: Rocco, 1998
      LEEDS, Anthony & LEEDS, Elizabeth. A sociologia do Brasil urbano. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
      VALLADARES, Lícia. “A Gênese da Favela Carioca: A Produção Anterior às Ciências Sociais”. Revista Brasileira de Ciências Sociais. Brasília: v.44, n.15, 2000.
MATERIAIS DA WEB:
     MONTEIRO, Marcelo. Santo Pioneiro.       Fonte: http://www.favelatemmemoria.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=4&infoid=44%20.             Acessado em: 07 de Junho de 2011. 
      VASCONCELOS, Edwaldo. Urbanização da Área Resultante do Desmonte do Morro de Santo Antônio.          Fonte: http://www.urbanismobr.org/bd/documentos.php?id=3878.    Acessado em: 07 de Junho de 2011.   
                                         

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Fala de Lula nas diretas já! (VÍDEO)


Comícios pelas Diretas já. Recortes de jornais.


Holocausto - Auschwitz - Camara de Gas (VÍDEO)












David Cole é um talentoso judeu revisionista que visita Auschwitz para verificar a existência das alegadas câmaras de gás para extermínio de seis milhões de judeus na Alemanha de Hitler.
Cole trás diversas surpresas em seu vídeo, desmontando um emaranhado de confusões e interesses, que acabam por oferecer elementos para elucidar o tão obscuro alegado holocausto.



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